Avô
Vinte e seis de Janeiro
De mil novecentos e noventa e cinco:
Um estranho nevoeiro
Fez em mim um grande vinco.
Naquele aniversário
Do Fernando, meu irmão,
Um mau noticiário
Roubou toda a animação.
A perda do meu querido avô
Foi, para mim, uma surpresa.
Agora, não sei como vou
Manter a minha vida acesa.
Conhecia as suas recaídas,
Mas desconhecia as suas vontades.
Como reconhecer estas saídas
Sem conhecer todas as verdades?
Lanço-me em devaneios
E recordo os nossos encontros,
Os nossos passeios...
E alguns desencontros...
A sua idade guardava
Um verdadeiro chefe de família
Para quem qualquer um olhava,
A quem qualquer um ouvia.
Escrevo para não me esquecer
De homenagear este ente
E para que, ao anoitecer,
Ele esteja sempre presente.
Carlos Ortet, 1996-09-26
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